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segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Rei

  Num entardecer hilariante com os últimos cacos de céu se tingindo de rosa, acontecia uma festa. Cada indivíduo se embebedava de óleo diesel e fumava farinha ao som doce do coral de flores. Era normal. Era legal. Todos faziam. 
  Era um cenário deplorável, visto que todos na festa se encontravam em tal ângulo de alteração psicológica que mesmo com toda a bela música floral para ouvir, o ambiente não deixava de exalar cheiro de ressaca e arrependimento. Corpos tortos e ternos desalinhados traziam os piores sentimentos à superfície; inveja, ódio, vontade de falar errado e amor deixavam tudo inebriante. Nesse cenário, um rei se apresenta. “Sou o rei” dizia.
  Ninguém acreditou.                       
  Ninguém se importou.
  E o tédio assolou aquele lugar.
  Depois disso, o rei se irritou e foi-se embora. E o povo continuou a beber óleo diesel e fumar farinha, como era antes.