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sábado, 19 de abril de 2014

Minguante

Chora.
Borra a maquiagem empoeirada.
Cadê sua cor? Onde estão os pasquins?
Uma superficialidade bruta que enoja!

Braços fortes, chora.
Braços flácidos, chora.
Chora tanto, ele, ela!
Comendo um caviar de fel, coitados.

Tá encardido, encarquilhado.
Um sopro de meditação falha.
Simplicidade indecifrável nessa solidão imunda.
Né não? Não?
Caio chorando.

De promotor a réu. De holofote a apagão.
De inferno a céu. De plateia a atração.
Julgando todos os que choram
numa iludida presunção
de quem ainda não viu nada da vida.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma Quase Desistência

  Ao ler grandes nomes da literatura, citemos Guimarães Rosa, Dostoiévski, Hermman Hesse, Fernando Pessoa, etc., percebo algumas coisas dignas de nota:
  1: Literatura é uma arte diferenciada.
  Esse é um aspecto que consta em todas as Artes. Ao ouvir a definição de cinema como "sétima arte", bate uma curiosidade, sobre a numeração delas. Riccioto Canudo, em 1912, faz um manifesto que define o cinema como sétima, tendo antes a música (som), a dança (movimento), a pintura (arte bidimensional feita à mão, ao meu ver também se enquadra aqui o desenho), a escultura (tridimensional - onde se encaixa a arquitetura também), o teatro (representado por um ou mais atores), a literatura (lírica, épica, ou dramática), e o cinema (que enquadra todas as outras). Há uma confluência imensa entre todas elas, e atualmente se veem listas de 10 ou mais artes, com o advento dessa tecnologia mais de ponta. 
  Mas não é isso que quero discutir. O que torna a literatura diferenciada (como há aspectos diferenciais em todas as artes, deve haver um aqui) é justamente a forma como o autor coloca as palavras, a emoção que consegue ou não transmitir. Pra escrever algo, precisamos ler bastante, acho que nisso todos concordamos e, se quero escrever ficção, devo ler isso. Atualmente há tanta informação que tudo acaba se misturando e a literatura vira roteiro de cinema. De forma alguma critico o cinema, ou o casamento dos dois, mas convenhamos que as melhores histórias para filmes não são as extremamente literárias, muitas vezes narradas em primeira pessoa, com uns 4 personagens principais, no máximo.
  Novamente me distancio do foco. O que me levou a escrever isso, foi a estranha sensação que me ocorreu há um tempo, a segunda coisa digna de nota:
  2: Eu jamais vou chegar aos pés desses autores.
  Esse pensamento é uma faca de dois gumes, que, se mal interpretado, pode causar alguns danos. Saiu espontaneamente e foi mal formulado. Não que eu queira ser como um escritor, como muitos dizem pejorativamente e sem muito embasamento, embolorado e velho. Tenho 18 anos e vivo no ano de 2014! Mesmo que eu quisesse, não poderia. A vida de cada um o leva a fazer o que faz. Vivo no presente, escreverei o presente.. Mas quem ama ler, há de concordar comigo que a literatura roteiro-de-cinema é um tanto vaga. Bonito, tocante e tal. Mas não falo da história! Falo do diferencial da literatura; a forma como as palavras são organizadas no papel. É a tal "superficialidade bruta que enoja" a que me refiro no poema Minguante que postarei daqui há um tempo.
  Não tenho a intenção de depreciar J.K. Rowling, John Green, Rick Riordan, Nicholas Sparks, Khaled Rosseni, Paulo Coelho, William P. Young e tantos outros escritores best-sellers (quem sou eu pra criticá-los). Comecei minha jornada com eles e sei que muitos também começaram! São histórias lindas que tocam mesmo. 
  Mas é a tal construção da palavra. Talvez eu nunca serei um escritor best-seller, mas não vou abrir mão de seguir a bela escrita dos Mestres pra vender livros. E aqui voltamos ao segundo pensamento! 
  Como faço? Se quero seguir os mestres mas sei que nunca serei como eles? Se sei que jamais vou chegar aos pés deles? Daí veio a minha quase desistência. Por um triz eu não parei de escrever e tirei esse blog do ar. Esse triz se chama alma e a minha está ligada a isso pra sempre. Senti a vontade de parar, pra depois pensar que, se não quero mudar meu teor pra vender e se não consigo escrever como eles, a única saída é ir trilhando meu próprio caminho.
  A faca de dois gumes é a interpretação certa ou errada. Depois de mudar um pouco meu jeito de olhar o pensamento mal formulado e espontâneo.
  Pronto. Só pra desabafar. Obrigado se teve a paciência de ler.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Casamento de Viúva

Deixe-me.
Que gostar de sol
Na mesma intensidade que gostar de chuva
É quase ser bissexual.

Não é todo ser que se embebeda se sol
Nem é todo ser que se envereda em si.
Lapso de loucura, Paulo.
Momento que passou e se foi.

Sou bravo
Sou forte
Sou filho da morte.
Sou o que há de ser
ingerido, que sorte!
E assim sou quase vivo,
Juca Pirama

Dos ventos que sopraram na cara do poeta
Me restou um
Que disse que sou louco.
Pois gostar de sol
E gostar de chuva
É gostar de opostos.