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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sol no rosto


Primavera chegou com chuva e promessa de futuro bom,
mas logo foice e mal dela se lembra o sertão.
Uns amores solúveis nasceram ao misturar na água.
mas logo morreram, de efervescentes que são.

Os bem-te-vis daqui cresceram, reparou?
Devem estar bebendo água de fonte mutante.
Eu, não, fiquei foi mais magro.
Foi depois de tanto tentar entender a vida.

Um cuidado especial pras moças congeladas
que não vivem mais, por medo do amanhã.
Congelado também minha coragem.
Mas faz calor, logo vai derreter.

Só sei que estou feliz. Por demais.
A primavera não mostra os dentes.
É que nós todos amamos amar.
E eu é que não faço mais promessa de chuva.
Tá bom de tomar um pouco da água dos bem-te-vis.

(...)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Retrato de uma tarde não planejada

O vento veio forte hoje.
Mentindo chuva.
Lambeu a água, a folha, meu cabelo,
o desenho, a alma, o céu inteiro.
Há doçura em estar só.
Sabiá cantou, pica-pau bicou.
E até as fadas vieram brincar.

É júbilo no meio da seca.
Feito só de esperanças,
nuvens ao longe, galhos fracos
e da risada das crianças.

(...)